terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

BOLHAS


Levantei com dores horríveis nas pernas neste sábado. Aliás, há algumas semanas tem sido assim. Um dia pior que o outro. Dói durante o meu andar, dói durante o meu parar, antes de deitar e, como agora, ao acordar. Não é exclusivo eu senti-las. Já tive isso quando criança e as dores são realmente as mesmas. É tão íntima em mim que parece que minha infância foi ano passado.
Fiquei inútil por um bom tempo naquela fase: era obrigado a usar calça o dia inteiro para a pele não ficar exposta ao sol e aos olhos alheios, que me enchiam de perguntas para as quais eu não sabia as respostas. Mas, o mais difícil mesmo foi ficar de fora do futebol por sei lá quanto tempo. Improvisava um banco de reservas na calçada e ficava sentado nele assistindo a todas as partidas, torcendo e comentando, com muita vontade de estar ali dentro. Às vezes era tão chato somente ver que eu deixava de lado os lances e me deitava no banco, olhando para o alto, para o céu! Aquelas cicatrizes permaneceram por anos e nem sei se todas realmente foram embora.
   Voltando ao presente, fiz tudo diferente: Demorei a me medicar e tomar outros cuidados, por achar que seria algo passageiro. E o pior, joguei futebol durante todos esses dias, o que agravou a situação em minhas pernas, pois além de correr intensamente nos jogos, vez ou outra caia ou recebia pancadas nas canelas. Amanhecia no dia seguinte todo feliz pelos gols e pelo bom futebol com os caras, porém com dificuldades após o banho para lidar com as dores.
   Meu descuido era tanto que nem percebi que o meu tornozelo direito (o osso) sumiu com o inchaço da pele. Mais parecia um pé daqueles pinguços de carteirinha. Foi a partir daí que a preocupação bateu e eu fiquei realmente triste em me ver naquele estado. Ficou tão feio que não suportava olhar para ele por muito tempo. Batia um desespero por um gelo para pôr em cima. Mas na falta, acabei ficando de molho na cama, repousando o máximo possível. Era um bom momento para me distrair olhando para o céu. Mas no alto só havia telhas.




São Luís, 08/08/2014

2 comentários:

  1. Brasilino, isto acontece muito com quem joga bola, é uma descrição fiel do que acontece com muitos amigos jogadores, ou seja, peladeiros.

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  2. É verdade, minha mãe minha disse uns anos atrás que as minhas pernas parecem de um jogador de futebol profissional: cheia de cicatrizes!

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