Olhando
umas fotos minhas, encontrei uma de quando eu era apenas um bebê. Fiquei por
minutos olhando pra mim. E eu quase chorei de emoção. Não me pergunte o porquê,
porque eu não saberia responder. Pelo menos, não agora.
Já olhei
essa fotografia várias vezes e nunca me senti como hoje! Ela faz parte do álbum
da família que minha mãe conserva. Acho que foi até ela que fez o papel de
fotógrafa.
Um dia passando pela sala, me deparei com ela dando bobeira. Achei estranho vê-la
avulsa e distante das demais. Mas, ao invés de levá-la de volta ao seu lugar,
eu a peguei e guardei nas minhas coisas. Isso deve ter sido há seis anos.
Eu era um bebê bonito, bem diferente do que sou hoje. Aquela criancinha não
lembra nada do que eu me tornei. Eu olho e reolho aquele retrato e procuro me
achar em alguma coisa, mas não vejo nada que me retrata. Eu era bonito como
todos os bebês de “cara de joelho” são. Ponto. Careca, bochechudo… Não, retiro
o que eu escrevi: acabei de encontrar algo ali que eu ainda tenho: a tonalidade
preta da cor dos meus olhos!
Na época que foi tirada, eu tinha 1 ano e 7 meses de vida. Era outubro. Como
agora. Mas eu era criança e hoje eu não sou mais. Eu precisava dos outros para
andar e hoje eu ando sozinho, sem o auxílio dos demais. Não sabia falar e hoje
eu falo até mais do que eu deveria, admito. Eu tinha poucos fios na cabeça e
hoje eu tenho tantos que uso tranças.
O
local da foto escolhido foi o quintal de casa. Como a minha infância, ele não
existe mais. E das lembranças boas que guardo no coração, o quintal da minha
casa está entre os primeiros lugares das minhas recordações infantis. Na foto,
as plantas completam o cenário do lugar.
Colocaram-me
numa cadeira de ferro meio branca e meio enferrujada e estou sentado em cima de
um tecido branco, que poderia ser um lençol pequeno. Até por conta da pouca
idade, estou levemente torto. A cabeça teima em ir pra direita. Devem
ter me ajeitado várias vezes pra eu sair de cabeça erguida, mas não teve
jeito. E o meu olhar? Ao mesmo tempo em que eu olhava pra frente eu não olhava
para as lentes fotográficas! Devem ter gritado pelo meu nome várias vezes pra
eu olhar pra frente, mas não teve jeito.
Uma coisa que eu acho estilosa são as minhas meias: eram cinzas e tinham listras
negras e brancas. Mas o meu macacão eu odiei, quer dizer, eu odeio. Nada a ver
me vestirem com um cor-de-rosa! O azul, minha cor preferida, me cairia melhor.
Mas talvez fosse presente de alguém que esperasse que minha mãe tivesse uma
menina. Até hoje eu gosto do azul. Até hoje eu não uso cor-de-rosa. Mas,
recentemente ganhei uma bermuda que tem essa cor e então eu uso, afinal,
presente é presente.
Falando em presentes, nessa fase eu deveria ser bem mais lembrado. Hoje, nem em
aniversários. No máximo, de algumas pessoas, uma mensagem numa rede social ou
no celular…
Acho que sei por que eu quase chorei. Eu quase chorei porque eu tinha tudo a
meu dispor: quintal, plantas, dia das crianças,
presentes, pessoas me chamando pelo nome, choro… Hoje eu não tenho nem lágrimas
suficientes para chorar… Peço para alguém me fotografar no celular…
05 de outubro de 2014, 07:28 pm
Brasilino Júnnior
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