sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

PACIÊNCIA COM MEUS PACIENTES


Ela me procurou esta manhã para conversar. Daquelas conversas que não se marcam hora, dia ou lugar. Eu a princípio, não entendi porque fui o escolhido, já que nos conhecemos tão pouco e há pouco tempo.
Mas, há quatro dias, após ouvir uma recitação minha de um poema de minha autoria sobre a amizade, eu lembro bem de suas palavras: ”-Era disso que eu precisava ouvir agora, obrigada!”  Eu fiquei feliz pela minha poesia tê-la consolado, mesmo não sabendo o que ela sentia naquele momento. Apesar da minha curiosidade, não quis perguntar qual dos 41 versos dialogou com ela... Talvez, ela resolveu me  procurar por causa disso. Ou então porque ela me disse outra vez, numa das nossas primeiras conversas: “-Parece que eu te contei todo o meu problema ou você me conhece há anos, porque você falou exatamente tudo o que eu estou sentindo agora!”
No nosso diálogo de hoje, eu tive que perguntar a razão do seu sofrimento, porque de cara percebi que era sério. Sua voz rouca estava diferente e seu olhar era de quem acabara de chorar. Mesmo não sabendo o motivo pelo qual ela mirou em mim para desabafar, eu acho que ela não se arrependeu de sua decisão.
Na verdade, eu não sei se sou a pessoa mais indicada para isso, mas procuro fazer bem o “meu  papel”. Que não é de usar citações extraídas de livros de autoajuda, mas sim de ser sincero comigo mesmo e com quem está do meu lado.
Não é a primeira vez que solicitam minha presença em situações como essa. Apesar de não ser um graduado em assuntos emocionais, tenho um “consultório” bem elogiado, pois os  “pacientes” sempre retornam.



Texto de Brasilino Júnnior, escrito em Pedreiras-MA, 28 de dezembro de 2012.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

TRICOLOR DESDE SEMPRE


Difícil para muitos apontar o início de uma paixão por um time de futebol, aquele exato instante em que se escolhe um para torcer. Normalmente, isso ocorre quando se é ainda criança, por influência de alguém mais velho, provavelmente o pai, que de cara dá uma camisa para o pequeno usar em sua companhia nas idas ao estádio. Independente de quando é plantada essa semente, se é ainda em fase de berço ou um pouco mais tarde, me desperta a atenção o que esse sentimento pelo futebol, iniciado lá na infância, é capaz de produzir em um ser humano nos anos seguintes. Por exemplo, eu não sei o que seria de mim, da minha vida sem o meu São Paulo Futebol Clube, fortemente conhecido como tricolor paulista.
Certamente, meus domingos e quartas, só pra citar dois dias da semana, não seriam como estes que tenho vivido, desde que optei por este simpaticíssimo time, que a cada temporada tem me dado mais e mais alegrias, e um orgulho inestimável de ter ido tão bem em uma escolha. Costumo dizer que de todas, esta está entre uma das melhores que fiz em toda minha vida. Não me arrependo nem um pouco, pelo contrário, amo esta camisa, pra dizer o mínimo, quer dizer, o máximo, pois o amor não se resume a coisas pequenas. Mas nunca imaginei que chegaria a esse ponto doentio, de entrega. Acredito até que qualquer pessoa, ao escolher seu time, nunca acha que irá tornar-se um autêntico torcedor, fanático.
Quando aos 6, 7 anos, olhei aquele escudo em uma revista, não titubeei, disse a mim mesmo: ”-É para este que irei torcer!” Mas claro que não foi uma escolha à primeira vista. Por ler todas as revistas Placar que compravam meus irmãos, eu já conhecia de cor todos os grandes clubes brasileiros, mas até ali não tinha um clube definido, apesar de já naquela época gostar muito de futebol. Meu pai é santista e minha mãe, flamenguista, mas nenhum deles me incentivou a torcer por seus respectivos times de coração, e nem quis acompanhá-los, algo muito comum de acontecer. Essa situação foi determinante para minha escolha, pois optei sozinho virar são-paulino.
Afinal, para quem é amante do futebol, é quase impossível não achar um, por mais modesto que seja, para vestir a camisa, acompanhar, vibrar. Gritar como nunca a cada título conquistado, contentar-se após cada vitória e decepcionar-se a cada pênalti não convertido, a cada três pontos perdidos. Só o futebol mesmo para unir sentimentos tão distintos: o sofrimento e a alegria, o riso e o choro. E basta a bola balançar a rede para uma coisa tornar-se outra instantaneamente. Para minha humilde opinião, quem não faz nada disso por seu clube de futebol, seja ele grande ou pequeno, não gosta realmente do assunto, mesmo que grite que sim. O mesmo se pode dizer do fulano que tem como resposta Brasil, quando alguém o pergunta para que time ele torce. Ou ainda, aquele que desconhece o nome do atual treinador, a escalação, ou, pelo menos o nome de cinco titulares do “seu” time.
  Não que eu seja contra quem não vive o futebol, mas se declarar um torcedor nessas condições, ou, por apenas comprar e vestir o seu uniforme oficial é incompreensível, frustrante, pelo menos para quem acompanha o futebol da forma como eu acompanho. Mas a paixão futebolística deve ter seus limites, pois tratando-se de um esporte, não é sempre que se pode sair de campo vitorioso, com a medalha no peito e o troféu na mão. Muitos ultrapassam essa barreira quando tais fatos citados acima não tornam-se realidade, e pior, quando tais fatos são uma constante, uma rotina na vida de um clube e seus torcedores.






Brasilino Júnnior, escrito dia 12 de maio de 2006 em Pedreiras-MA.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

TAINNÁDILLA



Mais um aniversário seu chegou. E quanto mais você amadurece, mais me sinto velho. Não que eu tenha medo da velhice. Apenas medo de chegar nela sem aproveitar datas e festas como a sua.
Mais um aniversário chega. E parece-me que só nestas horas, queremos falar realmente tudo o que sentimos pela “aniversariada”! E eu tô aqui procurando não as melhores do dicionário, aquelas rebuscadas, difíceis de engolir, de tão estranho que é o sabor delas que ficam na boca quando pronunciamos.
Busco hoje aquelas que sempre busquei. As que fazem parte do meu vocabulário e chegam direitinho, como eu quero, no coração do destinatário. O fato é que eu sou péssimo para falar, às vezes um simples “-Eu te amo!” não sai e aparento ser como a maioria dos mortais. Que escondem seus sentimentos bonitos por achar que sendo assim, serão tachados de ridículos.
Falando de bonito, lembrei-me agora do seu nome. Eu era criança, mas me recordo vagamente da minha mãe, criando ele num papel, para a primeira neta dela que acabava de vir ao mundo.
Poucas pessoas te chamam por Tainnádilla, incluindo eu. Deixando ele mais vivo num documento formal do que no ar. Mas Taty, como a maioria te chama, também resume bem quem é você. Embora você o escreva com T e H, eu prefiro ele natural. E foi com um  “Assinado Thaty Borges ” no final, que recebi uma mensagem sua há quatro anos atrás me chamando de tio. Acho que foi a única vez! Mas isso nunca me incomodou. O que me incomoda mesmo é deixar passar em branco um dia tão especial também pra mim. Até te falei uma vez que o dia 10 de dezembro deveria ser o Dia Nacional dos Tios, porque foi nesta data que me tornei um, com apenas sete anos de idade, embora eu só tenha descoberto isso anos após e sozinho, sem ninguém me explicar. E também para dar mais credibilidade a um tio, que nunca é lembrado em momento algum, como pai, mãe, irmão, primo, sogra. Acho que tenho feito minha parte durante estes anos. De uma forma ou de outra venho sempre te felicitando, não por obrigação familiar, mas do jeito que tem que ser mesmo, por amor. Afinal, estamos nesse mundo por causa dele, não é mesmo?
Poderia ficar aqui relembrando muitos momentos bons que tivemos, como quando eu era o responsável por te levar e buscar na escola todos os dias. Ou das vezes que te ensinava a andar de bicicleta. Ou também daquele dia que você arrancou lágrimas do meu rosto, quando te vi cantando na igreja pela primeira vez (com seu irmão na bateria).
Confesso que não sei qual será sua reação ao terminar de ler isso, mesmo te conhecendo bem. Peço desculpas se não gostar, achando que não “mandei bem.” Só queria te parabenizar de um jeito diferente. Queria fugir das palavras clichês que surgem em aniversários. E que costumamos ouvir de muitas pessoas.
Me despeço desejando estar aqui com você por muitos anos, em outros meses e outros dias. Não só no dez de dezembro. Se Deus quiser, teremos muitas datas destas para comemorar…

Autor: “Tio” Brasilino Júnnior, 10 de dezembro de 2012, escrito em quarenta minutos.