Difícil para
muitos apontar o início de uma paixão por um time de futebol, aquele exato
instante em que se escolhe um para torcer. Normalmente, isso ocorre quando se é
ainda criança, por influência de alguém mais velho, provavelmente o pai, que de
cara dá uma camisa para o pequeno usar em sua companhia nas idas ao estádio.
Independente de quando é plantada essa semente, se é ainda em fase de berço ou
um pouco mais tarde, me desperta a atenção o que esse sentimento pelo futebol,
iniciado lá na infância, é capaz de produzir em um ser humano nos anos
seguintes. Por exemplo, eu não sei o que seria de mim, da minha vida sem o meu
São Paulo Futebol Clube, fortemente conhecido como tricolor paulista.
Certamente, meus domingos e quartas, só pra citar dois dias da semana,
não seriam como estes que tenho vivido, desde que optei por este simpaticíssimo
time, que a cada temporada tem me dado mais e mais alegrias, e um orgulho
inestimável de ter ido tão bem em uma escolha. Costumo dizer que de todas, esta
está entre uma das melhores que fiz em toda minha vida. Não me arrependo nem um
pouco, pelo contrário, amo esta camisa, pra dizer o mínimo, quer dizer, o
máximo, pois o amor não se resume a coisas pequenas. Mas nunca imaginei que
chegaria a esse ponto doentio, de entrega. Acredito até que qualquer pessoa, ao
escolher seu time, nunca acha que irá tornar-se um autêntico torcedor,
fanático.
Quando aos 6, 7
anos, olhei aquele escudo em uma revista, não titubeei, disse a mim mesmo: ”-É
para este que irei torcer!” Mas claro que não foi uma escolha à primeira vista.
Por ler todas as revistas Placar que compravam meus irmãos, eu já conhecia de
cor todos os grandes clubes brasileiros, mas até ali não tinha um clube
definido, apesar de já naquela época gostar muito de futebol. Meu pai é
santista e minha mãe, flamenguista, mas nenhum deles me incentivou a torcer por
seus respectivos times de coração, e nem quis acompanhá-los, algo muito comum
de acontecer. Essa situação foi determinante para minha escolha, pois optei
sozinho virar são-paulino.
Afinal, para quem é amante do futebol, é quase impossível não achar um,
por mais modesto que seja, para vestir a camisa, acompanhar, vibrar. Gritar
como nunca a cada título conquistado, contentar-se após cada vitória e decepcionar-se
a cada pênalti não convertido, a cada três pontos perdidos. Só o futebol mesmo
para unir sentimentos tão distintos: o sofrimento e a alegria, o riso e o choro.
E basta a bola balançar a rede para uma coisa tornar-se outra instantaneamente.
Para minha humilde opinião, quem não faz nada disso por seu clube de futebol,
seja ele grande ou pequeno, não gosta realmente do assunto, mesmo que grite que
sim. O mesmo se pode dizer do fulano que tem como resposta Brasil, quando
alguém o pergunta para que time ele torce. Ou ainda, aquele que desconhece o
nome do atual treinador, a escalação, ou, pelo menos o nome de cinco titulares
do “seu” time.
Não que eu seja contra
quem não vive o futebol, mas se declarar um torcedor nessas condições, ou, por apenas
comprar e vestir o seu uniforme oficial é incompreensível, frustrante, pelo
menos para quem acompanha o futebol da forma como eu acompanho. Mas a paixão
futebolística deve ter seus limites, pois tratando-se de um esporte, não é
sempre que se pode sair de campo vitorioso, com a medalha no peito e o troféu
na mão. Muitos ultrapassam essa barreira quando tais fatos citados acima não
tornam-se realidade, e pior, quando tais fatos são uma constante, uma rotina na
vida de um clube e seus torcedores.
Brasilino
Júnnior, escrito dia 12 de maio de 2006 em Pedreiras-MA.