Pelo fato de escrever
poesias, é comum as pessoas me perguntarem qual é o escritor que mais admiro.
Para não deixar ninguém sem resposta, eu acabo citando alguns. Pois, na
verdade, não tive oportunidade de ler tantos livros do gênero, a ponto de criar
afinidade por algum poeta.
Sem dúvida alguma, onde
mais recebi influência para escrever foi na música, uma parente não muito
distante da poesia. Sempre gostei de ler letras de músicas, independente do
cantor ou gênero. Quando o encarte do CD é composto apenas por fotos e
informações básicas, fico até desapontado, pois algumas palavras quando
cantadas lembram outras palavras, e a canção, às vezes, ganha um outro sentido,
quando não perde o único que ali existe. Vindo deste princípio, os álbuns
musicais eram na minha infância e adolescência, como livros, tamanha era a
viagem que eu fazia trancado no quarto.
Neste período, comecei a
gostar das letras das bandas do rock nacional. Das que surgiram nos anos 80 e
90, gosto de quase todas. Algumas mais, outras menos. As músicas de protesto
foram as primeiras com que me identifiquei. Acho que por isso abracei o rock
and roll, pois neste sentido, ele traduzia muito do que eu pensava como cidadão
comum. Destas, a que mais me impressionou foi a brasiliense
Legião Urbana. Eu já conhecia algumas canções (Eduardo e Mônica, Faroeste
Caboclo, Há Tempos, Pais e Filhos) que costumavam tocar no primeiro rádio a
pilha que meu pai me deu, lá nos meus 8 anos de idade. Mas, nesse período eu
não sabia o nome de muitos artistas.
Somente cinco anos
depois, quando tive acesso ao terceiro disco deles que minha vida nunca mais
foi a mesma. Ao ler aquela primeira estrofe de Que País É Este?, percebi que
tinha ali uma nova possibilidade, um novo caminho para encarar a vida. Era
rebeldia, mas não era uma rebeldia vazia (tatuagens, piercings e roupas pretas),
era uma rebeldia de dentro pra fora, com poesia (letra) e melodia (voz, violão,
guitarra, teclado, baixo e bateria).
O que me impulsionou a gostar da Legião foram as letras. Mas,
tudo neles me agradava: a voz e a forma de como Renato Russo interpretava as
canções que ele escrevia, a batida que Marcelo Bonfá fazia em sua bateria e os
acordes que Dado Villa-Lobos tocava em sua guitarra. Era tudo tão simples e ao
mesmo tempo tão sofisticado. Até hoje quando escuto ou leio alguma letra, volto
a sentir aquela sensação indescritível de anos atrás.
Ao longo do tempo adquiri bastante material da banda ou de algum
integrante em especial. Entre estes, está Alfabeto Urbano, um caderno escrito
por mim, quando tinha 16 anos. Nele contém todas as letras da Legião Urbana em
ordem alfabética e cronológica todas as poesias escritas por Renato Russo. Este poeta genial do rock que nasceu
dia 27 de março de 1960 no Rio de Janeiro e que em apenas 36 anos escreveu sua
marca no mundo da música e nos corações perfeitos dos filhos e netos da
revolução.
Obrigado Legião Urbana.
Urbana Legio Omnia Vincit
Ouça No Volume Máximo
Força Sempre
Brasilino Júnnior, 27 de março de 2013.